Thursday, 19 August 2021

O FADO ILUMINA A NOITE






 1 – COM A LUZ QUE A BANZA TEM,

ARCO-ÍRIS O DIA RETEM

EM CELESTIAL BALADA.

AS CORDAS, VIBRAM NO AR

E, NUMA TOADA SEM PAR

ATÉ ALTA MADRUGADA.


2 – O FADO, ASSIM ENCANTA

SEM ESTRETOR NA GARGANTA

P`LO FAIA, HOJE, FADISTA

OS XAILES IRRADIANDO LUZ

COMO A CANDEIA PRODUZ

A SOLIDÃO SE CONQUISTA.


3 –A PARELHA TROCA SINAIS

COM ARPEJOS E OUTROS MAIS

E COMPASSO ACERTADO.

POETAS, COMPOSITORES

SEMPRE NA SOMBRA SENHORES

VÃO DADO VIDA AO FADO.


4 – AS VELAS TRIMILICANDO

ACLARAM DE VEZ EM QUANDO

TRISTES E ALGRES ROSTOS

CHEGOU À BOLA O VINHO

CHOURIÇO, CALDO VERDINHO

ABAFANDO ALGUNS DESGOSTOS.


5 – VALEU A PENA TER OUVIDO

FADOS NO FADO PERDIDO

AINDA PASSANDO FRIO.

HAVERÁ, SEMPRE, UM LUGAR

ONDE SE POSSA, BEM, CANTAR

O VELHO FADO VADIO.

ALCÁÇOVAS






 Papoilas, campos de trigo

Aves que levam consigo

O céu azul de promessa,

Alentejo pai doirado

Lavraste em calma meu Fado

Com sonhos feitos negaça


Pai natural, qual menino

Lavoura de pão, destino

Quantas sementes errei

Com falso vento a favor

Nas courelas do amor

Esperanças loucas plantei


Lembra a nora, molha a vida,

Adulto de infância querida

Restolho e erva com cheiro,

Também por Espanca sentido

Alentejo, alpendre amigo

Meu Agosto e meu Janeiro


É lírio roxo em aurora

A meninice que outrora 

Promete tudo num beijo;

Que tristes anos depois

Somando ventos e sóis

Recordo o meu Alentejo!


António Passão 

VIVER A VIDA


 




Outubro quase passado

Sem mesmo eu perceber

As rugas são cada vez mais

Cada dia mais a crescer

Cinquenta e seis outubros atrás

Há tão pouco recém nascido

O futuro ainda inteirinho

De pele limpa vestido

Agora já velho e cansado

Enquanto o tempo derrete

Então é assim a vida

Em dois mil e desassete

Deixa lá o tempo passar

Porque isso não faz nada mal

Eu vou fazer os possíveis

Pra viver até ao natal

Dá-me cá um grande abraço

Ó minha gente querida

Ajudem-me lá a sorrir

Ajudem-me a viver a vida

Francisco Letras, Outubro 2017

ESSE POETA QUE ME AGITA


 






NÃO ÉS APENAS MULHER


 




Não és apenas mulher

Nem sequer uma qualquer

Para mim foste a primeira

Por quem eu senti paixão

Dentro do meu coração

E amor prà vida inteira


És a flor do meu jardim

A que eu escolhi para mim

A fonte dos meus desejos

Amor carinho sabes dar

Eu tinha que me encantar

No calor desses teus beijos


Teu sorriso encantador

Que me dás oh meu amor

Se transforma em alegria

Tens uma grande bondade

Nela eu sinto a felicidade

Na vida do dia a dia


És a rocha na brandura

Que a felicidade segura

E que à vida dàs prazer

Sou feliz por estar contigo

E ao mundo inteiro eu digo

Não és apenas mulher


ANTÓNIO BRANCO

SOU HOMEM DO SUL






 Sou homem do sul em busca de norte

Sou homem por dentro vivendo por fora

Correndo parado fugindo da morte

Vivendo o passado e o futuro Agora

Sou homem do Ser em busca de Deus

Sou homem ternura nas camas do espanto

Voando e ficando nas profundezas dos Céus

Morrendo e nascendo no orgasmo do pranto

Sou homem do bem sem ter preconceitos

Sou homem loucura, fúria, desassossego

Sonhando e cantando nas noites sem medos

Lembrando e matando fantasmas do Ego

Sou homem da morte desfrutando a vida

Sou homem da vida sem a morte temer

Amando e sofrendo com Alma cumprida

Jogando, lançando, os dados à Sorte do Ser...

Luís Filipe Estrela

Cooperante 1052 da SPA

TEMPO






Ai Meu Amor de silêncios

Onde ficam os sentidos?

Aqui só vejo tormentos

Os amores são esquecidos

Oh! Meu Amor de distâncias

Onde te posso encontrar?

Meus dedos procura ânsias

Meu coração teu olhar

Ai meu Amor de saudade

Dessa saudade... Morri

Não vivo passa a idade

Não quero viver sem ti

Oh meu Amor de algum dia

Esse dia já passou

Mas eu vivo presa nele

A tua essência, ficou

Até um dia Amor meu

Sei que te vou encontrar

Nesse dia serei eu

Digo ao tempo p'ra parar

Alice Cunha 10/09/2016 

FADISTA NÃO É QUEM CANTA


 




Fadista não é quem canta...
É algo que se amarra...
É a vóz que se levanta...
Ao som d'uma Guitarra...

É o fado na sua essência...
Cantado por paixão..
É a vóz da excelência...
Que brota no coração...

Aí se eu soubesse cantar...
Um fado vos cantaria...
Fico feliz em vos dar...
Parte da minha alegria....

Faço poemas por fazer...
E não para meu sustento..
São hobbies e lazer....
Para ocupar meu tempo
09.10.2020

MADRUGADA


 




Se meus versos desmedidos
Forem rios de bonança
Seus clamores incontidos
Nesses olhos, doloridos
As madrugadas alcança
E quais fontes de tristeza
Chorando com a solidão
Murmúrio de incerteza
Que a própria alma, despreza
As loucuras do coração
Renovada ansiedade
Que nestes sonhos invento
Para cantar à vontade
Hinos de uma saudade
No meu Fado são lamento
Acordo deste meu sonho
Embriagado de nada
Nasce o dia tão risonho
E pobre de mim suponho
Ansear a madrugada
31.10.2020

NOS TEUS OLHOS


 




Nos teus olhos vejo brilho

Vejo brilho nesse olhar

A esperança do amanhã

O sorriso de amar


Amar palavra doce

Deste romance de amor

São os teus olhos brilhantes

Que lhe dão sorriso maior


Carinhosos no olhar

Sorridentes no teu ver

Um sorriso a divagar

Dá gosto os teus olhos ver.


Teu sorriso é um amor

Teus lábios pétalas de rosas

Do teu jeito de amar

Tão pura e tão formosa.

SÃO A VOZ DO CORAÇÃO







 Num anoitecer cinzento

Próprio da estação do ano

Mas de um Inverno sedento

Vou semeando ao relento

O que vai no pensamento

Para que nasça o rebento

Logo que lhe chegue o tempo .

Quando lanço a semente

Procuro uma terra fértil

Para que essa semente

Posa crescer florescer

E assim se multiplicar

Pois é sempre esse o meu sonho

Enquanto que as disponho ..

É ao sabor do silêncio

Que eu de caneta na mão

Lhe dou toda a liberdade

Para crescerem a vontade

Bordo-as com o sentimento

Dou-lhe luz amor e cor

Para que posam voar

Como .as gaivotas no mar .

Porque seja a semente que for

Tem sempre uma razão

E nunca são escritas em vão

São a voz da alma e do coração

Escritas com emoção

Envolvidas numa sede de desejo

A qual eu chamo paixão .

Depois olho o meu jardim

Onde crescem e florescem

Cheias de amor e carinho

Aconchegos com jeitinho

Dando-lhe luz brilho e cor

Para não perder o encanto

Nem o perfume da flor .

E assim as disponho

Com principio meio e fim

E ao mesmo tempo as transformo

Em Poema, prosa ou verso

Quem sabe se em canção

Mas uma coisa eu prometo

Serão sempre de alma e de coração !

30. 11.20 20                        Fátima Monteiro

O DESTINO AMARGURADO






Minha pedra minha vida,

Meu sonho sentimental,

Meu regaço maternal

De um futuro sem saída.

Meu destino, meu passado,

Meu destino, meu futuro,

Se fores ainda mais duro

Não digas fica calado.

Minha estrela cintilante,

De esmeraldas e brilhantes,

Parei para ver por instantes

Que não eram diamantes .

Minha fada voa a norte

Como o meu cavalo alado,

Leva para longe o passado

Para me traseres melhor  sorte.

Minha luz meu fundamento,

Minha bola de cristal,

Afasta de mim o mal,

Causa do meu sofrimento.

Minha pedra meu assento,

Meu nome de Percursor,

Como Apóstolo do Senhor

Foste sempre o meu alento.

A pedra do meu amor,

De alento mais profundo,

Seria maior que o mundo

E mais bela que uma flor.

Todos os homens unidos

No seu amor mais profundo

Podem fazer um altar

Para ser altar do mundo.

Que a amargura não invada os mais débeis corações.

CORAÇÃO AMOR E FADO


 




... é aqui no coração

que a fonte desta paixão

vai correndo sem parar

Em cada pingo gelado

pingam os versos dum fado

que a minha voz vai cantar ...

Coração amor e Fado

São três palavras que trago

Guardadas dentro de mim

Se o meu destino é cantar

Cantarei mesmo a chorar

Porque o meu fado é assim...

O fado é amor é vida

quando me sinto Perdida

neste viver conturbado

O fado é meu companheiro

está comigo a tempo inteiro

Está sempre aqui a meu lado

Fado Meu que me alimenta

e esta minh'alma sedenta

Já conheçe os passos seus

Ele escuta os meus lamentos

Deixa os soltos aos ventos

E a mim nas mãos de Deus

(Maria Amália) 15-Jan-2020

À CABECEIRA DO SONO


 




Abri  as  asas  ao  sonho

no  relento  do  silêncio

onde  descanso  o  cansaço

Como  ave libertada

festejei  a  madrugada

embrulhada  em  teu  regaço

E  na  brisa  dum  olhar

planei  então  no  sorriso

que  me  ofereceste  num  beijo

No  aconchego  do  amor

acendeste-me  o  calor

na  chama  do  teu  desejo

Á  cabeceira  do  sono

desembrulhei  a  manhã

tal  ave  que  deixa  o  ninho

Nas  amarras  dos teus  braços

ainda  sinto  os  abraços

que  trocamos  com  carinho

Sérgio Marques 


O MEU SONHO






 Certa noite tive um sonho

Sonho bom e tão real

Estrelas eram guitarras

Sob os céus de Portugal


Milhares de mãos a tocar

E as guitarras em pranto

Faziam chover na terra

A magia do seu canto


Os anjos silenciosos

Escutavam com fervor

Sentado no meio dos anjos

Estava Nosso Senhor


Acordei então do sonho

Contente de o ter sonhado

Não tenham medo da morte

Que no céu também há fado


Maria Letras, UK

14.01.2021

INFINITO MISTÉRIO

 






Nasci! Não sei de onde vim

Vivo! Não sei para quem

Morri! Não sei para onde vou

Só reconheço! Isso sim

Que sou apenas alguém

Sem sequer saber quem sou

¤

Que mistério tão profundo

Se envolve dentro de mim

Que faço eu neste Mundo

Nasci! Não sei de onde vim

¤

Quando debruço o olhar

Na grandeza do Além

Enlouqueço a meditar

Vivo! Não sei para quem

¤

Quando penso no final

Desta vida que eu sou

A minha angústia é brutal

Morri! Não sei para onde vou

¤

Nascer Viver e Morrer

É apenas uma guerra

A que Alguém me condenou

Só gostava de saber

Porque vou descer à terra

Sem sequer saber quem sou

Victor Conde 

Wednesday, 18 August 2021

SÓ SEI QUE JÁ NÃO SEI






 

Junto ao mar,num rochedo, me sentei

 E ali, aguardei, o teu regresso

 Mas vi ,que foi em vão ,que te esperei

 Porque não alcancei, qualquer sucesso


Não sei se foi o mar que te sumiu

 Ou foi o teu amor que já morreu

 Senti que o coração quase ruiu

 Depois de perceber que te perdeu


Ainda ,estou aqui, a aguardar

 Que possas regressar noutras marés

 Pressinto que me andaste a enganar

 E só sei que já não sei quem é que és


Por favor, diz-me qual a condição

 O que faça p`ra te ver regressar

 Duvido que o meu pobre coração

 Ainda vá bater escutando o mar


Valentim Matias

MALUCO



Dizem que sou maluco porque penso diferente; acham que não tenho suco como o resto da gente e que sempre me trabuco. Ora o meu comportamento pode ser pouco vulgar, mas é com fundamento que este gajo singular despreza o fingimento. Os tolos e as crianças sempre dizem verdade e as suas intemperanças levam à humanidade a fazer grandes mudanças. Uma vez um sábio disse, mesmo que ninguém lhe creu, quem dum tolo se risse meça, antes disso, o seu teor de maluquice.

Zé Oio Ramos


TROVA DO AMOR LUSÍADA





Meu amor é marinheiro
quando suas mãos me despem
é como se o vento abrisse
as janelas do meu corpo.

Quando seus dedos me tocam
é como se no meu sangue
nadassem todos os peixes
que nadam no mar salgado.

Meu amor é marinheiro.
Quando chega à minha beira
acende um cravo na boca
e canta desta maneira:

- Eu sou livre como as aves
e passo a vida a cantar
coração que nasceu livre
não se pode acorrentar.

Trago um navio nas veias
eu nasci para marinheiro
quem quiser pôr-me cadeias
há-de matar-me primeiro.

Meu amor é marinheiro
e mora no alto mar
seus braços são como o vento
ninguém os pode amarrar.

Quando chega à minha beira
todo o meu sangue é um rio
onde o meu amor aporta
seu coração - um navio.

Meu amor disse que eu tinha
uns olhos como gaivotas
e uma boca onde começa
o mar de todas as rotas.

Meu amor disse que eu tinha
na boca um gosto a saudade
e uns cabelos onde nascem
os ventos e a liberdade.

Meu amor falou-me assim:
Ó minha pátria morena
meu país de sal e trevo
meu cravo minha açucena

Vale mais ser livre um dia
lá nas ondas do mar bravo
do que viver toda a vida
pobre triste preso escravo.

Eu vivo lá longe longe
onde passam os navios
mas um dia hei-de voltar
às águas dos nossos rios.

Hei-de passar nas cidades
como o vento nas areias
e abrir as janelas
e abrir todas as candeias.

Hei-de passar a cantar
pelas ruas da cidade
erguendo na mão direita
a espada da liberdade.

Ó minha pátria morena
meu país de trevo e sal
sou marinheiro e não esqueço
que nasci em Portugal.

Assim falou meu amor
assim falou ele um dia
desde então eu vivo à espera
que volte como dizia.

Eu creio no meu amor
meu amor é marinheiro
quem quiser pôr-lhe cadeias
há-de matá-lo primeiro.

Sei que um dia ele virá
assim muito de repente
como se o mar e o vento
nascessem dentro da gente

Como se um navio entrasse
de repente na cidade
trazendo a voar nos mastros
bandeiras de liberdade.

Meu amor é marinheiro
e mora no alto mar
coração que nasceu livre
não se pode acorrentar.
in 30 anos de Poesia, Manuel Alegre.

O FADO ILUMINA A NOITE

 1 – COM A LUZ QUE A BANZA TEM, ARCO-ÍRIS O DIA RETEM EM CELESTIAL BALADA. AS CORDAS, VIBRAM NO AR E, NUMA TOADA SEM PAR ATÉ ALTA MADRUGADA....